
Kilian Jornet se prepara para a Western States: “Treino com a temperatura de 45 graus”
Kilian Jornet é conhecido por levar seu corpo a limites extremos na preparação para cada novo desafio. Nos últimos anos, o corredor e alpinista catalão tem alternado entre competições e projetos pessoais que o colocam à prova tanto física quanto mentalmente.
Agora, Kilian está se preparando para sua terceira participação na Western States 100, marcada para o dia 28 de junho. Trata-se de uma das provas mais icônicas do trail running mundial, realizada na Califórnia (EUA). São 160 km, com 5.500 metros de ganho de elevação e 7.000 metros de descida, que precisam ser completados em até 30 horas. Apenas 400 atletas conseguem uma vaga — por desempenho ou sorteio.
Em entrevista ao programa Supersports da rádio RAC1, Jornet compartilhou detalhes de sua preparação e revelou por que escolheu a Western States como seu próximo desafio.
Um norueguês na Califórnia?
Morando em um fiorde da Noruega, onde ainda neva em maio, Kilian teve que adotar estratégias nada convencionais para se adaptar ao calor californiano. “Viver na Noruega é o oposto do que vou encontrar na Western. Lá, terei que suportar temperaturas muito altas. Por isso, para me preparar, corro na esteira e pedalo na bicicleta ergométrica em um quarto com o aquecedor ajustado a 45 graus. Fico ali por horas”, revelou.
Além do clima, outro desafio será o terreno: mais plano do que as montanhas técnicas que Kilian costuma enfrentar. “É um desafio desenvolver habilidades que não são as que trabalhei por anos. Mas justamente por isso — e pelo nível altíssimo dos atletas este ano — estou animado para voltar à Western.”
Competir por prazer, não por pressão
Apesar de ainda se entregar com intensidade aos treinos, Kilian diz que sua relação com a competição mudou. “Estou feliz por poder competir. Isso me dá motivação. Mas não sinto mais a necessidade de competir. Há 10 anos, eu buscava construir um currículo. Hoje, a motivação é outra.”
“Felizmente, tive uma carreira onde alcancei muitos objetivos. Agora, gosto de competir como forma de expressão, de treinar e pensar em estratégias. Mas vencer não é mais a prioridade. Escolho melhor as provas e também faço mais projetos fora das corridas”, completou.