
Rumo ao coração do dragão asiático: a Muralha da China domina a cena na Golden Trail World Series
Depois de uma estreia eletrizante em Kobe, no Japão, a Golden Trail World Series 2025 segue para sua segunda parada: uma corrida inédita na icônica Muralha da China, passando pela região de Jinshanling, na cidade de Chengde.
O percurso é uma sucessão constante de subidas e descidas curtas e íngremes, do começo ao fim. Apesar de não atingir grandes altitudes — variando entre 300 e 560 metros acima do nível do mar — os trechos em escadas, muros aéreos e pedras irregulares exigirão resistência total das pernas. Saber administrar o ritmo e as mudanças de cadência será fundamental para um bom desempenho.
O trajeto mescla trechos restaurados com setores mais selvagens, sempre com vistas panorâmicas das montanhas de Hebei e das primeiras floradas das ameixeiras da primavera chinesa. Por ser uma prova totalmente nova, não há referências estratégicas anteriores, e o percurso ainda é um mistério até mesmo para os atletas, que não sabem exatamente como lidar com os segmentos técnicos da Muralha.
OS FAVORITOS NA CHINA
Na categoria masculina, cinco perfis contrastantes representam o alto nível e a diversidade do circuito:
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Patrick Kipngeno (Quênia – Run2gether On Trail): após dominar em Kobe, é o homem a ser batido. Ritmo, variação de cadência e instinto competitivo fazem dele o atual atleta referência.
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Philemon Kiriago (Quênia – Run2gether On Trail): jovem e agressivo, mostrou em Kobe que está pronto para tudo. Seu estilo explosivo pode fazer a diferença em Jinshanling.
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Sylvain Cachard (França – Hoka): experiente e técnico, quer se redimir após uma performance abaixo em Kobe.
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Joey Hadorn (Suíça – Salomon): com background em orientação, pode se destacar num terreno tão irregular.
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Cesare Maestri (Itália – Nike): constante e estratégico, é sempre uma ameaça nas classificações gerais.
Outros nomes promissores também estarão em ação, como Timothy Kibett (Quênia – Team Milimani Salomon), Fabián Venero (Espanha – Salomon), Anders Kjaerevik (Noruega – VJ-shoes/SAYSKY), Bogdan Damian (Romênia – Datacor Running Team) e Daniel Pattis (Itália – Brooks).
PROVA FEMININA: CONFRONTO DE GIGANTES
Cinco atletas de elite chegam a Jinshanling com estilos e trajetórias distintas:
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Sara Alonso (Espanha – Asics): venceu com autoridade em Kobe e chega confiante, rápida e estratégica.
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Miao Yao (China – Salomon): experiente no terreno local, pode tirar vantagem do conhecimento técnico da região.
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Joyline Chepngeno (Quênia – Milimani Runners Salomon): campeã da final de 2024 e da Sierre-Zinal, é potência pura.
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Joyce Muthoni Njeru (Quênia – NNormal): quer se recuperar após um erro de navegação em Kobe. Seu estilo agressivo pode se encaixar bem no percurso.
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Madalina Florea (Romênia – Scott): vice em Kobe, chega embalada e com ritmo forte nas subidas.
Outros destaques incluem Malen Osa (Espanha – Salomon), jovem promessa após o pódio em Kobe, Takako Takamura (Japão), Rachel Tomajczyk (EUA – Merrell), Marie Nivet (França – Nike) e Alice Minetti (Itália – Boves Run).
HORÁRIOS E TRANSMISSÃO AO VIVO
A prova acontece no sábado, 26 de abril, com cobertura ao vivo pelo canal oficial da GTWS no YouTube:
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Prova feminina: 14h (horário local) / 08h (CEST) / 23h (PDT – dia anterior)
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Prova masculina: 14h20 (local) / 08h20 (CEST) / 23h20 (PDT)
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Transmissão começa às 13h30 (horário local)
Além do alcance global, essa etapa também serve como ponte cultural, com transmissões para mais de 16 países e regiões asiáticas, conectando a China ao mundo por meio do trail running.
MIL ANOS DE HISTÓRIA EM CADA PASSO
Falar de Jinshanling é viajar no tempo. Localizada a nordeste de Pequim, essa seção da Muralha da China é parte de um parque nacional conhecido pela preservação histórica e valor arquitetônico.
Construída principalmente durante a dinastia Ming (séculos XIV a XVII), a muralha serpenteia pelas montanhas de Hebei com torres de vigia, muralhas e caminhos de pedra que ainda hoje refletem a determinação do antigo império em proteger suas fronteiras.
Mas Jinshanling também é um refúgio de beleza natural. As florestas e encostas ao redor equilibram memória e paisagem. Em abril, a floração das ameixeiras transforma o lugar em um cenário efêmero e mágico, onde o tempo parece parar.