Ultra Trail Caparaó sedia o 1º brasileiro de trilha e montanha
A Ultra Trail Caparaó é um evento que está no seu 3º ano e vem crescendo muito no cenário como uma das mais bonitas e duras provas do Brasil.
O Trail Running há muitos anos anseia por um passo a mais da Confederação Brasileira de Atletismo no sentido de criar regras, regulamentos, campeonatos e realmente agir em prol do nosso esporte.
E isso veio este ano com a Ultra Trail Caparaó sediando o 1º campeonato brasileiro de corrida em trilha e montanha na cidade de Alto Caparaó, em Minas Gerais.
O campeonato tinham 4 modalidades ou distâncias:
– Km vertical, que nada mais é que uma corrida com cerca de 1.000m de subida, importante dizer que nada tem a ver com o “Vertical Kilometer – VK” que é regido pela Skyrunning, aqui falamos meramente de uma corrida vertical com cerca de 1.000m de subida.
– 8km sub 20 anos, com percurso exclusivo para atletas com menos de 20 anos de idade.
– 14km, com percurso com subidas e descidas e somando mais de 900m de desnível positivo.
– 50km, com percurso com subidas e descidas que passou pelo Pico da Bandeira, o terceiro mais alto do Brasil com 2981m de altitude e somando mais de 3500m de desnível positivo.
– 80km, com percurso com subidas e descidas que também passou pelo Pico da Bandeira e somou quase 5.000m de desnível positivo.
O evento também abriu inscrições para as modalidades abertas ao público ou “Open”, além das distâncias já citadas acima, tivemos o percurso de 28km que também alcançou o Pico da Bandeira e com largada no local chamado “macieira” do lado do Espírito Santo.
Sendo assim, tivemos os campeões brasileiros das distâncias citadas e também os campeões das distancias abertas.
Todos os resultados vocês podem conferir na página da CBAt.
A Arena:
Montada em local amplo com muito espaço, palco, telão, mesas e cadeiras e também muitos quiosques de artesanato e alimentação, houve um festival gastronômico com diversos produtos e também degustação de cafés, uma vez que a região é premiadíssima em cafés.
Dois pontos devem ser elencados como possíveis melhorias para os próximos eventos:
1- A entrada do público era bem próxima a rua principal e a saída e volta dos atletas era feita por outro lugar mais distante e isso confundiu diversos atletas na hora de chegar e completar sua prova, faltou alguém ali para impedir que isso acontecesse, mas nada que atrapalhasse ou diminui-se o evento.
2- Durante o evento fez muito sol e na premiação caiu uma chuva inesperada muito forte e fez falta algo onde as pessoas pudessem se proteger tanto do sol quanto da chuva, também não prejudicou o evento, mas para uma próxima edição pode ter esse cuidado.
Percursos e PA’s:
Em conversa com diversos atletas pudemos perceber a satisfação muito grande com a prova e as distâncias, marcação e PA’s muito bons, com qualidade, marcação eficiente, todas fitas tinham refletivos e quem se perdeu ou passou direto em algum lugar foi por falta de atenção mesmo. Houve um ponto próximo a chegada onde vários atletas passaram direto, mas os próprios disseram que foi falta de atenção, um até mostrou a foto do local e a marcação estava correta, com placa e fitas no local correto. De qualquer forma, fica a dica de passar uma fita zebrada no local que não era para o atleta passar ou mesmo um staff.
O ponto mais falado positivamente não poderia ser outro, o Pico da Bandeira, exceto os 8 e 14km, todos percursos passaram por lá e sem dúvidas marcou o coração e a vida da maioria das pessoas que se desafiaram a subir o 3º Pico mais alto do Brasil e o mais alto acessível.
O ponto que as pessoas menos gostaram foi do cafezal no fim dos percursos, talvez se o cafezal fosse no início das provas esse sentimento não existisse, mas foram poucos relatos positivos quanto a essa parte.
O nível técnico da prova foi de médio para difícil, sendo que os atletas mais experientes acharam a prova técnica, porém toda corrível, sendo a parte mais travada a descida da parte do Pico para o Espírito Santo e este mesmo trecho voltando.
Em suma os percursos foram bem planejados, marcação ótima e PA’s bem distribuídos, alguns detalhes que podem melhorar, mas no geral foi muito bom.
Horários de largada:
Exceto os 28km que houve atraso (não soubemos o porque do atraso) todas largadas foram pontuais, acompanhamos as largadas dos 80km, 50km, 14km e 8km, todos no horário marcado rigorosamente. Não estivemos nos 28km, recebemos apenas relatos de atraso, mas não sabemos dizer ao certo quanto tempo foi.
Muitos atletas também questionaram o horário da largada dos 80km, ela aconteceu pontualmente às 20h de sexta-feira, entretanto um consenso entre as pessoas que conversei foi que o horário poderia ser 22h ou até mesmo meia noite, assim, os campeões chegariam com o dia claro e com bastante público para salda-los.
Premiação:
Rápida e bonita, muita luz no palco e locutor bem animado fez a premiação ser boa de assistir, uma pena que tenha começado uma chuva muito forte e inesperada próximo a premiação dos 80km que fez todos saírem correndo como se estivessem em uma nova largada.
Resumo:
O evento como um todo foi muito bom e com execução muito boa, o que não agradou são pontos pequenos que são fáceis de corrigir ou melhorar.
O campeonato brasileiro de corrida em trilha e montanha foi fantástico, primeira vez que vemos isso acontecer e ver nossos atletas serem reconhecidos oficialmente por um órgão de atletismo como CAMPEÕES E CAMPEÃS BRASILEIROS DE CORRIDA EM TRILHA E MONTANHA nos alegra demais, foi muito emocionante ver as chegadas dos atletas, ver a entrega e a satisfação de completar seus objetivos.
Parabéns aos organizadores, staffs, diretores de percurso, corpo médico e demais envolvidos no evento, fica minha reverência por terem tido a coragem e competência de sediarem este primeiro campeonato brasileiro, sabemos o quão difícil e sacrificante foi todo processo e tenham certeza que podem contar com a Revista Trail Running sempre que precisarem. O trail precisa de pessoas como vocês e por isso eu, Valmir Lana, serei muito grato sempre.
Agradeço a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) por, enfim, nos olhar e nos dar este reconhecimento, temos atletas que dedicaram suas vidas a este esporte e hoje os ver como CAMPEÕES LEGÍTIMOS é algo de encher os olhos, obrigado a todos envolvidos e principalmente ao Sidney Togumi por encabeçar desde 2016 esse sonho.